não é poesia. não é prosa. não é literatura. não é filosofia. texto. palavra. traço. ponto a linha. entrelinha.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
morto
Falo pela boca de um homem morto.
Pouso suave de palavras que não querem dizer mais nada. Falo pela boca de um
homem morto. Sopro que não se dá mais pelo oco da boca nem pelo que a língua
dentro agita. Falo como um passado escrito pela boca de um homem morto. Tenho a
medir pelo que exprimo nesse quase grito que ninguém de modo algum de qualquer
modo ouve. Falo como o passado como o inscrito como o que ficou calado no
falado dentro da língua imóvel do homem morto. Falo como se fosse o nenhum como
se fosse arrancado como se estivesse mesmo o tempo todo desse outro lado. Falo
pela boca do homem morto. E não há por que querer fugir disso. Além é claro do
fato de que esse outro mundo que habito ainda não foi inventado. Mesmo que
desse mundo pela boca do outro eu falo...
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)
sábado, 25 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
domingo, 19 de janeiro de 2014
algo de nenhum
Eu
fazia luz num canto mas estava escondido. Eu fazia ali a luz por mim clara
energia mas era invisível. Eu fazia ali no gotejar da onda partícula que não
existia. Mas não existia. Tudo passava por mim. Eu era éter. Tudo passava por
mim. Eu era pura matéria encontrada de luz caldo de um algo que não se traduz
que não se esgota que nunca deixa de estar ali ali onde nenhum olho jamais se
deita. Esquina vazia. Quebra do átimo. Eu fazia ali a luz de um canto
comensurável mas não existia. Vaga fantasma força do eco. Camada lavada levada
pela pura pela pura pura transparente maneira de passar pela existência sem
nunca chegar a ser nada. Algo porém havia ali. Mesmo porque dele se diz se
disse que era nenhum. E já que nenhum ali havia algo de nenhum ali se podia dizer
que existia.
extraído do livro 'um a um - os poros da paisagem pólen'.
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