não é poesia. não é prosa. não é literatura. não é filosofia. texto. palavra. traço. ponto a linha. entrelinha.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
quinta-feira, 26 de junho de 2014
quarta-feira, 25 de junho de 2014
texto espesso
Texto
espesso. Não denso. Espesso caldo do avesso da antematéria. Não da matéria, a
antematéria diante defronte distante em frente de frente de antes do antes
quando ainda não há como chamar a quela.
Texto
espesso expresso, não tenso: o que se exprime do estado do farfalo do nenhum
começo. Rés do invento traçado à tinta do intenso.
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar")
terça-feira, 24 de junho de 2014
segunda-feira, 23 de junho de 2014
fazer
o que é fazer com a palavra?
repeti-la até deixá-la exausta
até não ter mais nada
além do eco na carne
cavado camada a camada
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)
sábado, 21 de junho de 2014
quarta-feira, 18 de junho de 2014
um inverso II
Eu poderia descrever o descompasso.
Que é o coração que parece que pulsa na boca do meio da barriga. Eu posso até
destacar dessa sensação um gesto de acometimento um suor frio pela testa a
escorrer pela fronte e pelas têmporas. Posso dizer para fora desse gesto o que
é o resto que se ensembla uma cara uma sombra uma quase careta. Posso ainda
apontar para o viés de cabeça o onde pousar despalmado dos braços e um leve
rasgar em sorriso criança nos lábios. Um redarguir de outro mundo um estar de
todo modo estranho. Mas depois disso uma chuva de afagos de superfícies tépidas
como a temperatura do corpo. Um como que descobrir no desconforto no
desconcerto no descontente no aparentemente desconexo aquilo que se experimenta
como um certeiro momento sem espaço sem tempo. Um como direi como dizer um sem
instante que se insurge no entrechoque da carne e do sangue com algo que não se
define. Um pulso que vibra sem veias um estalo sem nada que se oponha ou a que
se aponha. Um instante sem instante a mergulhar irrevogavelmente na substância
dentro da qual desde sempre estivemos imersos.
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)
terça-feira, 10 de junho de 2014
um inverso I
Você não vai entender o que eu estou
dizendo. Escrevendo uma forma desnuda que não se firma e não se afirma que está
inteiramente inserta no que não se pode ver ou ler ou sequer ainda sentir.
Você não vai com certeza sentir o que
eu descrevo o mundo em cima o mundo em volta o mundo envolto no que não se
percebe com nenhum dos canais cabíveis para isso.
Você não vai com certeza aceitar essa
forma de vida que não se mede com a mão que não se enxerga como sempre que não
sequer se aproxima pois desde sempre esteve inscrita mais aquém daquilo que se
concebe como sendo a nossa vida.
Você não vai descobrir nunca do que
estou falando para onde aponto com esse modo engonço de organizar as palavras.
Você não vê não vai não mesmo quer se
dar ao trabalho de entrar em contato com um mundo que não se abisma porque de
maneira nenhuma dele podemos dizer que estamos apartados ou mesmo que dele
somos destacados.
Você
sem sombra de dúvida nem desconfia do que é afinal que eu estou falando cada
vez que aponto e arranho a ponta do lápis nesta página lisa.
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)
domingo, 8 de junho de 2014
sábado, 7 de junho de 2014
urdir
Impasse
do comum quase um pero não tanto. Curvas que silvam tubos. Que abismam úvulas.
Que vibram rentes. Mesclam bordas. Cerzem. A unha. Alicate. Fios e dobras. Cortam feixes com
os dentes. Prego em parede. Raspas em achas. Células em mol. De moléculas.
Cestas.
Tensas. Em rede.
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)
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