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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

o fim



Onde. Ponto. Sem fim. Todas as palavras levam a lugar nenhum. Sejam quais forem sempre os mesmos. Superfície rasa. Chapada. Nenhuma fresta. Aresta. Onda opaca. Verde liso e sem nenhuma chance de apreender outra circunstância. De volta ao começo. Desmantelamento. Nenhum passo a mais. Nem um passo a mais. Está tudo exposto. Sempre o mesmo lugar no jogo. Sempre o mesmo fim. Nada pode mudar. Será assassinato não suicídio matar isso que insiste em ver desse ponto de vista. Não prosseguir. Não prosseguir. Parar. Parar. Ter a coragem suprema de parar e ficar para desassistir o que é que afinal vai deixar de vir.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

o que se passa como possa



Nem sempre é o melhor a fazer. O fazer. Quase braço onde um caldo se começa a entornar. Nem sempre há o que fazer. Só ficar sentado sentindo a dor insuportável o como que bafo do abismo. Não como o calmo que avança. Mas como o mar que se levanta. Mesmo que areia mesmo que fumaça. Mesmo que nada do que se possa pensar faça efeito. Mesmo que nada do que se possa abrir mão faça efeito.
Nem sempre há o que fazer no que é passível sentir ou ver. Nem sempre é possível ver ou sentir o que está ali ou mais tarde num outro horizonte. Mesmo que faça sentido nem sempre faz sentido permanecer agindo daquele modo. Nem sempre encontrar um jeito no fora do jeito no lugar quieto no que não se pode calcular de errante.
Fazer as pazes com um sentido andar de modo amigo. Recalcular a rota. Ou voltar as costas para o que é possível. Partir do antigo. Explodir todo o futuro previsto. Tudo estragado fora do frasco tudo deitado ao chão.
Nem sempre há o que fazer nem deixar de fazer. A maior parte do tempo o que segue da gente é um conjunto de membros montados em carne em ossos um conjunto que vai sendo a gente enquanto a gente arranja coragem para seguir adiante.
Às vezes não é uma questão de tempo nem uma estada distante. Às vezes é encontrar o próprio corpo num requebrar desconcertante. Às vezes não é uma questão de encontro ou de construção. Às vezes é só uma questão de tom.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

pedra que grita


move



Algo ínfimo que muda estatela e move. Chove. Primavera sem flores só as cores e todas todas são o sol e o azul. Um azul de tinta carregada escorrida que abordoa tudo que em tudo vibra como lama óleo que de tudo emana. Primavera de fulgores. Que destrançam almas que atravessam corpos e arremessam gestos para longe. Primavera de espasmos de risadas e de ritmos que se descortinam e escapam que no vinco não encontram mais a fonte. Primavera mundo desviado do rumo pedra desprendida desfazendo marcas e borrando línguas sacudindo as vidas convertendo as almas numa onda de fagulhas novas de fagulhas imprevistas.

(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá vingar")