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segunda-feira, 29 de junho de 2015

matéria sangue



Inscrever toda a matéria sangue desde o avesso. Halo do talo do avesso. Vaso sem fundo todo o carmim do plural e do medo. Correr da ponte e do arremesso. Voz do contrário olhar para o fundo da caldeira ser o que escava e o que beira. Herói da matéria do inverso o que nunca começo o que nunca foi dito. O que nunca foi mais que promessa o que por fim se arremessa.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

metade era letra



Metade era corpo metade era letra de câmbio. Letra raspada de placa. Letra largada lá sem que ninguém desse por falta. Metade era letra esfolada. Letra que se encontra em qualquer documento. Letra escrita pela mão ou letra teclada. Metade era letra enfileirada.
Mas metade era corpo. Outra metade era letra cortada. Letra espremida para caber no final da página. Letra assinada.
Mas metade era corpo. Outra metade era letra contada. Letra que se escreve inteira. Letra que se acumula pelos cantos letra que se inscreve nas linhas letra que ultrapassa a borda delimitada.
Mas metade era corpo outra metade era letra anotada. Apontamento feito em anamnese. Letra enumerada numa lista de chamada.
Mas metade era corpo outra metade era letra enviada livro recibo cheques sem fim muitas inúmeras cadernetas acumuladas.
Mas metade era corpo outra metade era o pequeno do alfabeto que se encastra. Que se escreve numa mescla infinita pelo longo de uma página.
Mas metade era corpo. Mas sobre isso só se pode viver não se pode dizer quase nada.
(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

a soma



Atingir o extremo da capacidade de sucumbir. De carregar todo o peso de existir. De ver por toda a parte de sentir. De experimentar no pequeno do poro o ponto máximo de burnir.
Arrastar-se pelas trevas pleno dia pelas pregas areia lisa pelos sulcos aresta cúspide pela encosta ápice da colina.
Sangrar pelas mãos e pelos joelhos. Deitar lágrimas involuntárias. Emergir à pele toda a chama toda a lava toda a lama. Conter com os punhos a explosão. Sustentar com o dorso a agonia suprema. E sem gritar. E sem falar. E sem ruir.
Fazer caso apenas do corpo e aguardar. Aguardar aguardar aguardar. Somente aguardar.
Aguardar ali.

sulfato de tristeza num fundo desalegre