Powered By Blogger

sábado, 15 de agosto de 2020

Desde os dentes

 Estranhar a casa desde os dentes. Não encontrar o que sempre se via por aqui. Nem a luz vem do mesmo lado. Nem o ar passa como sempre. Se a metade ainda se espanta ao andar pelos corredores e reconhecer os cômodos todo o resto parece estranho e gritante até os poros. Nada mais sentir de seu nesse ambiente. Anda-se pela casa como sempre mas alguma coisa parece estar desviada fora de órbita. Nem se pode pronunciar mais lugar por aqui. Estranhar a casa desde os dentes. Nenhuma resposta encontrar se não o enfrentar os dias nesse novo destino que ainda não se sabe como ou quando nem onde ou se se é possível ancorar ao menos em um por quê. Estranhar a casa desde os dentes. Não ter mais de si nem do em volta nada que se pareça com o que era um sempre. 


quinta-feira, 25 de junho de 2020

minha mãe

Meu escrever não é fêmeo. É lápide. É quartzo. Entre as raízes e os nacos sou só toco e o que não cabe. Grutas de céus. Goivas que ardem. E ao dizer fui digo com o que me invade. Antroposfera ficou para trás. Sou cabeceira. Lâmpada cama e o termômetro da tarde. Alga que corre entre os grotões e as árvores. Sou muitas camadas ao mesmo tempo. Mas nenhuma palavra hei de dizer. Sou entre as margens e o desastre. O que se arrasta e o que é das aves. Sou o que se descabe.