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sábado, 15 de agosto de 2020

Desde os dentes

 Estranhar a casa desde os dentes. Não encontrar o que sempre se via por aqui. Nem a luz vem do mesmo lado. Nem o ar passa como sempre. Se a metade ainda se espanta ao andar pelos corredores e reconhecer os cômodos todo o resto parece estranho e gritante até os poros. Nada mais sentir de seu nesse ambiente. Anda-se pela casa como sempre mas alguma coisa parece estar desviada fora de órbita. Nem se pode pronunciar mais lugar por aqui. Estranhar a casa desde os dentes. Nenhuma resposta encontrar se não o enfrentar os dias nesse novo destino que ainda não se sabe como ou quando nem onde ou se se é possível ancorar ao menos em um por quê. Estranhar a casa desde os dentes. Não ter mais de si nem do em volta nada que se pareça com o que era um sempre.