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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

o que dava para ver


Ele era isso. O que dava para ver. Mas o que via era menos do que o com que tinha de conviver.
Ele imaginava. Todo dia. Imaginava e pensava que já só isso estava bom. Satisfatório. Não comparava nada não urdia nada. Nada mais ele fazia que podia dizer de seu. Que podia dizer que queria.
Ficava pequeno a cada caminho ido. Ficava parado sem dizer coisa alguma. Atravessado pelo lado, por de cima, por debaixo pelo outro lado.
Não era nada pois dele o que aqui se escreve não dele nada dizia. Nem era ele. Ou ela. Nem era um que não se possa dizer que não escapa do que aqui se quer dizer.
Cavar da tarde o som da sanfona. Já ouviu? Já pairou? Já plausiu o som que vibra na sonda dessa atmosfera? O que nunca e o abrigo. O lugar fica só fica só a despeito do que eu digo.
Cruzamento labirinto linha ao infinito nito. O que dizer do que já era o que nunca foi. O que nunca será. O que não se pode aguardar porque aqui aqui aqui já está. Ao infinito o que não é dito o que não é visto o que não se cheira o que não se come o que se se experimenta se experimenta inteiramente como um roubo. O que não se prende.
Ele era o que não se prende ou apreende. Ninguém sabe ao certo o que era ele ou quem era quem. Ah, isso é seguro dizer: ninguém.

(extraído do livro "um mundo outro mundo".)

Um comentário:

  1. CARA MARA
    ACHEI MARAVILHOSO! TEM QUE SER LIDO EM VOZ ALTA, ALEM DE LINDO, TEM UMA SONRIDADE MARAVILHOSA.

    BEIJOS, VERA.

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