Olhava
de longe do outro lado do vidro. Eu pouco o via. Estava no espelho na sombra
por dentro e fechado entre paredes e o teto da construção. Olhava de longe do
outro lado e eu não via mais que um laivo do rosto uma lâmina da pele iluminada
por um facho da luz solar. Olhava dali sem poder direito enxergar. O que eu via
eram facas de sombras a lhe recortar a silhueta a lhe fazer do escuro chegar.
Olhava
de longe e eu não via qualquer traço do que pudesse me dizer o que aquele rosto
dizia. Olhava e no silêncio do escuro do outro lado do vidro considerava o que
alimentava o que eu via. O que delimitava o que via. Olhava turvo um semblante
pouco claro uma sombra do lado quase não delineado.
Olhava
olhava através do vidro que refletia a luz que refletia o por onde eu ia o de
onde eu via. Olhava na tela líquida e a imagem que vinha simulava uma
fantasmagoria. Olhava indeciso as fronteiras de aviso do que finda do que era a
imagem do que era o corpo que eu via. Olhava uma sombra mas a sombra que eu via
ocupava um lugar preenchia em cilindro o em pé que respira o que desse lugar
com seu olho o olhar com vagar e aos poucos me devolvia.
Olhava
e abria entre as facas de luzes o reconhecer do outro lado o outro corpo que
havia. Não quebrava o espelho não burlava a imagem não varava o reflexo. Era o
ver superfície ocupada minha imagem espelhada e o oposto o escuro que em curvas
e bordas se insinuava outro lado submergia inconcluso e brotava lambido pela
luz que eu via.
(extraído do livro uns tantos outros.)
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