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quarta-feira, 17 de julho de 2013

pouco



Olhar com cuidado ainda é pouco. Lâmpada. Lambda. Âmago da planta. Ainda é pouco. Ver com todo o cuidado ainda é pouco. Pouco. Todo o cuidado é pouco. Lento estar que se levanta. Pelo lento passar passinho fio pequenino. E isso nem já tanto importa. Atento com o outro dos olhos dos ouvidos do nariz e da língua. Da garganta pelo líquido que lentamente envolve abarca num vindo que se levanta. Em um vazio. Todo estar. Todo vazio pequeno de estar vazio. O vazio do vazio um que se decanta. Ampere num biombo de um nem sequer lado. De um estado que não se pode com olhos desse lado ainda encontrar uma palavra para descrever. Um vazio do outro um vazio do oco do lado do dado. Um que só se pode chamar outro estado. E ainda sim dizer dele com todo o cuidado. E dizer de modo sussurrado.

(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)

Um comentário:

  1. "Lento estar [...] num vindo que se levanta. [...]" Rayuela da Ma(ga)ra(!!). São tantas as possibilidades de leitura em tão poucas linhas! (Até fui contar: são 10, ou, sendo mais rigorosa, 9,6.) Ler "com cuidado" também "ainda é pouco." (Queria continuar brincando, mas é tarde, quem sabe amanhã.) bj*!*bj, IvSam

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