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sexta-feira, 23 de maio de 2014

o que secreta



Não sou assim tão concreta. Sou basculada. Sou com os avessos a membrana. Sou do avesso o avesso. Sou o que não encontra nesse mundo alento ou visto de permanência. De transigência. De coisa alguma. Sou uma que perde todo dia. Perde perde perde a alma a se embrenhar pelos confins daquilo que seria vida. Sou contrária a mim a maior parte do dia. Sou contrária. Luz que não ilumina só cega só cega e deixa as horas perdidas.  Eu sou a pequena e farta fibra que ainda.
Que treme treme. Que treme e tal e mais não pode dizer sem usar palavra que não se repita.

(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)

2 comentários:

  1. Identificando, idêntica! Lindíssimo texto!

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  2. Não há mesmo visto de permanência for nobody. No mais, que dor um pouco inútil pois, no mínimo, sua luz me ilumina sim.
    IvSam

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