E quem disse que não poderia sair de mim aquele risco? E
quem disse que a vida inteira não vale o risco de se arremessar naquele abismo?
E quem disse que não poderia ser qualquer – especialmente eu
o mais pequeno e ínfimo – a alcançar aquele pico?
É chegada a hora de deixar o deserto e as tentações do
visto. De arremessar-se novamente só. De inaugurar um novo corpo em um
território totalmente imprevisto.
É chegada a hora de cruzar a linha. De ultrapassar o ponto.
De fazer do grito algo como o canto estranho do pássaro sem vínculo.
É chegado o instante. Em que o exíguo e o vasto ocupem o
mesmo lastro. Fabriquem o mesmo espectro. Estendam o corpo cárneo e o corpo
ígneo. O corpo sombra e o corpo astro. O corpo espasmo e o corpo grito. O corpo
escasso e o corpo íssimo. O corpo outro do outro lado que sem fazer caso do
verbo ser diz: sim – o vento a vela o mapa de um novo modo de um novo mundo
desencaixado e errante desocupado e inteiro.
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