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quinta-feira, 11 de junho de 2015

metade era letra



Metade era corpo metade era letra de câmbio. Letra raspada de placa. Letra largada lá sem que ninguém desse por falta. Metade era letra esfolada. Letra que se encontra em qualquer documento. Letra escrita pela mão ou letra teclada. Metade era letra enfileirada.
Mas metade era corpo. Outra metade era letra cortada. Letra espremida para caber no final da página. Letra assinada.
Mas metade era corpo. Outra metade era letra contada. Letra que se escreve inteira. Letra que se acumula pelos cantos letra que se inscreve nas linhas letra que ultrapassa a borda delimitada.
Mas metade era corpo outra metade era letra anotada. Apontamento feito em anamnese. Letra enumerada numa lista de chamada.
Mas metade era corpo outra metade era letra enviada livro recibo cheques sem fim muitas inúmeras cadernetas acumuladas.
Mas metade era corpo outra metade era o pequeno do alfabeto que se encastra. Que se escreve numa mescla infinita pelo longo de uma página.
Mas metade era corpo. Mas sobre isso só se pode viver não se pode dizer quase nada.
(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)

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