Powered By Blogger

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

morada



Noites e não procuro. Sou a solidão traçada pelo pisar de pernas peregrinas. Meus olhos são do escuro. Não ilumino a senda do horizonte. Chegar cheguei a cavalo, mas de verdade os passos foram pisados pelos meus próprios pés. Nenhum encontrei. Estava tudo em tábuas de escuro e úmido. Todos pareciam ter fugido. Ou então estavam dormindo. Ali o silêncio era um entrecortar de respiros. E eu não me ocultava o que não via. Sabia. Sabia.
Preferi o solo e a grama úmida ao mofo de tábuas. Desci os degraus até a frente da casa e armei a coberta ali mesmo diante. Depois que dormi vi que vieram ver-me mas não me acordaram. Revistaram-me o alforje e não me tiraram nada. Deixaram-me o pão do comer todo dia que eu não cheguei a tocar. Meu alimento vinha da seiva do meu respirar.
No claro do dia encontrei muitos olhos. Todos eram de um esculpir-me a história. Nada do que me diziam me abria em grotas. Não era de suas vozes que me apartava. Era do que respiravam era do que queriam com só a ponta feita precisa do seu convencer-me de quem era. Pensei vezes comigo se teria de fugir se sustentaria minha curva naquele desvio. Cogitei de me perder, de encetar descaminho. Mas era tudo o que era para haver, então decidi vir nos elos dos eles e deixá-los me ver.
Entrei caminho por dentro a casa. Cumpri o risco da conversa trocada das palavras desditas das explicações devidas. Varei minha própria via. Fui comum, fui nenhum, fui só um, fui na vaga dos meus erros.
E vi deitarem-me no solo do agora raiz plantada por eles identificada. Deitei mesmo assim deitei e fiquei em silêncio sentindo o que é que aquilo poderia fazer de mim. Embora imóvel no que queriam me ver fiquei ali a olhá-los sem ainda ver o que fazer. Mossa da terra deitada ocupei o vazio da vala. O que cavavam para mim a modo de me conhecer. Fiquei ali engajada em deitar o me dar a ver.
Depois como havia sempre as noites em que se iam o largar-me lá passou a não mais os entreter. E era não ver-me o ali deitada investida do que qualquer forjar pudera querer. Era ali na terra enterrada ali planta plantada para ser destino do que eles me supunham ser. Mas no meio daquele novelo nó de atropelo ralo dos lugares nenhuns verti mais vértices de mim fabriquei outras linhas digitais nos dedos. Fui o completo e o descomeço.
Era daninha. Do eu do meu nó me vi arrancada pelas voltas que eu dera antes de seguir por essa entrada. O que era em mim um antes um agora sempre seria curva modificada. Sempre fazer outra curva outra florada.
Fui o não isso no silêncio. Suprimida respiração desistida espalhei a terra da minha medida. Surpresa infinda ali na cava do lugar que me deram vi que não era nada do que eles eram. Desconfigurar de sombra projetada atravessada por seus olhos ressentidos. Fui varada mas minha seiva invisível me colheu dali numa fuga não almejada.
E brotei novamente meus pés ante pés no caminho vazio de uma noite bem funda uma noite escura uma noite vazia em que no horizonte não havia nenhuma casa habitada.
(extraído do livro uns tantos outros.)

2 comentários: