Powered By Blogger

terça-feira, 12 de março de 2013

eu não queria ter de dizer seu nome na vigília



Vertente discreta. Tepidermia. Aurora algaravia. Bordoagem da matéria. Além do que pode saber o quem agora sabe. Que passa pelas carnes. Que passa pelas carnes camadas e abre frestas. Que passa trespassa arremessa.
Agora luz. Agora paisagem que não se confronta como uma viagem. Estar aqui. Olhar pela janela. Pela persiana. Olhar só de ver o que é lá fora. Aqui dentro só as frestas que fazem do corpo um claro escuro em tiras.
Olhar e o rosto é a paisagem. O rosto e os olhos. Ela olhava eu olhava o que ela via. Aquele rosto aquela luz que se arremessa pelas frestas. Ela via eu via o rosto com que ela via o que era nela o que dela era o que eu via. Vir de vir gene de imagem sem nunca ter dito uma palavra sobre isso.
Eu estava ali ela estava ali ela sabia que eu estava mas não me via. Eu sabia que ela estava porque havia o que ver de passagem da passagem toda água toda onda do mar toda a bagagem que ela trouxera deixada na porta de entrada no tapete onde se limpavam os pés.
Ela parada olhando a janela vislumbrava o lá de fora que há em toda ela. Mas ela havia acabado de chegar. Precisou da janela para poder olhar. Estar lá fora era uma ventania era uma voragem era um atravessar sem fim que nela não se acolhia. Precisou da janela para olhar. Da vidraça e ainda da persiana fechada. E de só com um movimento estreito dos dedos afastar de leve as lâminas para ver por só uma fresta o vento que havia lá fora e que quase a carregou a arrastou a arremessou para longe dali.
Agora acolhida pela janela ela de novo olha com mais vagar a paisagem que era ela que estava nela que dentro dela estava quando por dentro dela vinha. A paisagem que nela havia.
         A paisagem passagem passagem passagem a passagem de Virgínia.
 
(extraído do livro "um a um os poros da paisagem pólen".)

Nenhum comentário:

Postar um comentário