Vertente discreta. Tepidermia. Aurora
algaravia. Bordoagem da matéria. Além do que pode saber o quem agora sabe. Que
passa pelas carnes. Que passa pelas carnes camadas e abre frestas. Que passa
trespassa arremessa.
Agora luz. Agora paisagem que não se
confronta como uma viagem. Estar aqui. Olhar pela janela. Pela persiana. Olhar
só de ver o que é lá fora. Aqui dentro só as frestas que fazem do corpo um
claro escuro em tiras.
Olhar e o rosto é a paisagem. O rosto
e os olhos. Ela olhava eu olhava o que ela via. Aquele rosto aquela luz que se
arremessa pelas frestas. Ela via eu via o rosto com que ela via o que era nela
o que dela era o que eu via. Vir de vir gene de imagem sem nunca ter dito uma
palavra sobre isso.
Eu estava ali ela estava ali ela sabia
que eu estava mas não me via. Eu sabia que ela estava porque havia o que ver de
passagem da passagem toda água toda onda do mar toda a bagagem que ela trouxera
deixada na porta de entrada no tapete onde se limpavam os pés.
Ela parada olhando a janela
vislumbrava o lá de fora que há em toda ela. Mas ela havia acabado de chegar.
Precisou da janela para poder olhar. Estar lá fora era uma ventania era uma voragem
era um atravessar sem fim que nela não se acolhia. Precisou da janela para
olhar. Da vidraça e ainda da persiana fechada. E de só com um movimento
estreito dos dedos afastar de leve as lâminas para ver por só uma fresta o vento
que havia lá fora e que quase a carregou a arrastou a arremessou para longe
dali.
Agora acolhida pela janela ela de novo
olha com mais vagar a paisagem que era ela que estava nela que dentro dela
estava quando por dentro dela vinha. A paisagem que nela havia.
A
paisagem passagem passagem passagem a passagem de Virgínia.
(extraído do livro "um a um os poros da paisagem pólen".)
Nenhum comentário:
Postar um comentário