Falo pela boca de um homem morto.
Pouso suave de palavras que não querem dizer mais nada. Falo pela boca de um
homem morto. Sopro que não se dá mais pelo oco da boca nem pelo que a língua
dentro agita. Falo como um passado escrito pela boca de um homem morto. Tenho a
medir pelo que exprimo nesse quase grito que ninguém de modo algum de qualquer
modo ouve. Falo como o passado como o inscrito como o que ficou calado no
falado dentro da língua imóvel do homem morto. Falo como se fosse o nenhum como
se fosse arrancado como se estivesse mesmo o tempo todo desse outro lado. Falo
pela boca do homem morto. E não há por que querer fugir disso. Além é claro do
fato de que esse outro mundo que habito ainda não foi inventado. Mesmo que
desse mundo pela boca do outro eu falo...
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)
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