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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

morto



Falo pela boca de um homem morto. Pouso suave de palavras que não querem dizer mais nada. Falo pela boca de um homem morto. Sopro que não se dá mais pelo oco da boca nem pelo que a língua dentro agita. Falo como um passado escrito pela boca de um homem morto. Tenho a medir pelo que exprimo nesse quase grito que ninguém de modo algum de qualquer modo ouve. Falo como o passado como o inscrito como o que ficou calado no falado dentro da língua imóvel do homem morto. Falo como se fosse o nenhum como se fosse arrancado como se estivesse mesmo o tempo todo desse outro lado. Falo pela boca do homem morto. E não há por que querer fugir disso. Além é claro do fato de que esse outro mundo que habito ainda não foi inventado. Mesmo que desse mundo pela boca do outro eu falo...

(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)

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