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terça-feira, 10 de junho de 2014

um inverso I



Você não vai entender o que eu estou dizendo. Escrevendo uma forma desnuda que não se firma e não se afirma que está inteiramente inserta no que não se pode ver ou ler ou sequer ainda sentir.
Você não vai com certeza sentir o que eu descrevo o mundo em cima o mundo em volta o mundo envolto no que não se percebe com nenhum dos canais cabíveis para isso.
Você não vai com certeza aceitar essa forma de vida que não se mede com a mão que não se enxerga como sempre que não sequer se aproxima pois desde sempre esteve inscrita mais aquém daquilo que se concebe como sendo a nossa vida.
Você não vai descobrir nunca do que estou falando para onde aponto com esse modo engonço de organizar as palavras.
Você não vê não vai não mesmo quer se dar ao trabalho de entrar em contato com um mundo que não se abisma porque de maneira nenhuma dele podemos dizer que estamos apartados ou mesmo que dele somos destacados.
Você sem sombra de dúvida nem desconfia do que é afinal que eu estou falando cada vez que aponto e arranho a ponta do lápis nesta página lisa.

(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)

2 comentários:

  1. Primeiro senti o abismo mas logo não se abisma então me perdi e reiniciei e senti que apontava para mim e me arranhava podendo ser que sim? se me torno a página para a ponta do lápis.
    Este é outro que dá vertigem.
    IvSam

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