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terça-feira, 8 de novembro de 2016

passar do passado



Voltar para a sala do piano. Hall de entrada. Piso de mármore. Poltrona vazia. Sentar na banqueta e de lá instalar todo o som que passa pela ponta dos dedos. Relógio da sala. Pêndulo e ponteiros. O desenho dos números. Pratos na parede. Azuis de azulejos cadeiras e alpendre. Da janela escutar os cavalos trotando sobre o calçamento. Casa vizinha outro lado da rua e o cheiro do bueiro. Areia e asfalto. Cimento nos muros. E a pedra enorme ao final da ladeira. Visitar o passado passando de outra maneira. Pelo ar da paisagem pelo entre da pele episódio no escuro. Desdobrar de camada. Desprender-se das horas despregar-se dos vínculos dos trincos e das portas. Trafegar por entre as pregas. Soltar as cordas dos relógios dos pianos e do tempo. Suspirar em solfejo e pelas narinas ver espraiar o espírito. Escapar pelo vento.



(extraído do 'livro' "onde houver vida a vida haverá de vingar")

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