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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

do escuro


Agora eu posso escrever.
Agora não faz mais sentido.
No papel só há espaço pra ler e o que eu escrevo tem de ser sentido dito.
Em voz alta.
Com a lua opilando.
Com a frase no céu com estrelas brilhando.
Numa noite oblonga.
Sob o céu e as coisas.
E a frase que digo ali no lume da lua, diz:
lua.
Mas só de frase ninguém carece.
Agora só de noite
meio do mato
grilo e grama e chão molhado e terra orvalho e noite a dentro
madrugada
quem é que precisa de verbo
de língua?
Do escuro fez-se o verbo e não a luz.
Do escuro dentro, o verbo.
Do escuro vejo o ver vir tendo a luz.
Do escuro vejo o verbo
vejo o ver do verbo ver de ver a luz.
Do escuro veio o verbo ver
de ver a luz.

5 comentários:

  1. ver vir vindo
    ir vir vendo
    vir vir indo
    só vendo
    -.-.-.-

    Inspirou, olha só!
    Coisa boa.

    Adorei + este post/poema.
    bjs
    Gis

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  2. Lindo, lindo, lindo. E triste como só quando só a gente olha e então um dia vê.

    Isa

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  3. escuto o ato
    escurecer...
    Bjs
    Izilda

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  4. Muito bom mesmo, Mara. Parabéns!
    bjs
    Cássio

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