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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

salto

Agora não havia apenas um. Era de dia. Mesmo que não fosse. Estava trepada no muro olhando para além, lá longe na estrada. Aquela para onde eu ia. Mas eles estavam ao pé de mim. Ao pé do muro pedindo que eu de lá descesse. Não entendi o porquê dessa agonia de quererem que eu descesse tanto de ter subido lá. Pedi com a mão que esperassem, enquanto meu corpo já ensejava o pulo para o onde da estrada. Pedi que aguardassem; esse era o jeito que eu inventei de fazê-los perceber que eu os via. Só que não era só isso. Eu os pressentia. E de pressenti-los meu corpo era praticamente arremessado para o alto do muro para o além do caminho para aquele destino que nenhum deles no corpo praticava. Eles estavam ali olhando insistindo pedindo. Um começou a subir pelo muro, mas logo desistiu perguntando como é que eu fizera para postar-me ali. Olhei para ele e não disse nada. Nada. O que havia em meu olho para o olhar era o ver de onde é que podia vir a pergunta. E não pude mais ver. Não pude mais entender de onde é que vinha aquela zona que ele habitava que o submergia apartado do compreender. Galguei o muro? É? Pois eu nem vi. Quando vi, estava aqui já sentando; o olho do movido olhar em direção à estrada do outro lado. Então passei as pernas. Passei e fiquei esperando para sentir o que daquilo na estrada. Ela passava rápida e do seu vento passando eu pude ler com os poros do corpo eu pude navegar o veio do todo daquela passagem. E só de ali olhando ali ver e passar a estrada. Vi que naquele instante era o corpo preciso movimento sabido do momento oportuno de entrar na estrada. Vi que era dali de onde eu estava vi que o momento chegava. Nada daqueles que me chamavam já fazia sentido em mim. Nada daqueles que me gritavam já dizia bom alvitre a mim. Agora era ali a trilha pé a pé de pegar palma planta apalpar o solo andar andar. Agora não era um só eu seguir; vinha também e a cada vir vinha nova estrada.

(extraído do livro uns tantos outros.)

2 comentários:

  1. o momento da passagem... dilatação do instante presente. isso é a cada tempo. bj tutti

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  2. Texto bom para um começo de ano...
    Beijo!

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