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domingo, 3 de agosto de 2014

vento



Venta. Isso se vê pelas árvores que cedem, dobram as copas, balançam as folhas. Venta. Mas tudo pode estar do outro lado. No ar não há mais nada além do deslocamento dele – vento. Deslocamento que diz dele, ar, e das coisas que lhe estão no caminho.
Esse não é o meu caso. Não estou no caminho do vento. Estou do outro lado. E ir assim de encontro ao opaco das coisas é uma avalanche.
Venta. Isso se vê pelas copas dobradas pelas folhas ao contrário. Isso se vê. Mas o que venta não vê – passa, ultrapassa, dobra arrasta. Num movimento sem origem. Deslocamento que não é de ser. Verbo inflexionado no infinitivo sem substantivo.
Vento. Dizê-lo assim inventa um falso quem. Diz vento como se houvesse alguém a conjugar e não um só estado de ventar.

(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)


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