Venta. Isso se vê pelas árvores que
cedem, dobram as copas, balançam as folhas. Venta. Mas tudo pode estar do outro
lado. No ar não há mais nada além do deslocamento dele – vento. Deslocamento
que diz dele, ar, e das coisas que lhe estão no caminho.
Esse não é o meu caso. Não estou no
caminho do vento. Estou do outro lado. E ir assim de encontro ao opaco das
coisas é uma avalanche.
Venta. Isso se vê pelas copas dobradas
pelas folhas ao contrário. Isso se vê. Mas o que venta não vê – passa,
ultrapassa, dobra arrasta. Num movimento sem origem. Deslocamento que não é de
ser. Verbo inflexionado no infinitivo sem substantivo.
Vento. Dizê-lo assim inventa um falso
quem. Diz vento como se houvesse alguém a conjugar e não um só estado de
ventar.
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar".)
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