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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

dezembros

Vermelho turvo espelho, preparam-se as bolas para o grande dia. O dia que será o dia em que se enfeitarão as pessoas em que se arranjarão as louças sobre a mesa em que se partirão as castanhas e nozes em que se comerão as tâmaras os figos em que se tomará o vinho tinto o vinho claro o vinho bolha embaixo da árvore pinheira.
Vermelho turvo espelho, erguem-se as bolas uma a uma pregadas grampo a grampo naquilo que são os galhos da árvore da sala. Vermelho turvo vermelho saem das caixas as bolas e o cheiro que delas emana fustiga as narinas convida o passado a vir. Vermelho turvo arma-se a árvore arruma-se o menino dispõem-se os presentes em beira.
Vermelho turvo espelho das conchas dos convivas as conchas ocultadas de cada um dos dias que vindos passados a contrapelo fazem daquilo um ressurgir de sombras esgueiras.
Vermelho turvo o movimento das mãos a segurar as bolas organizar na árvore o uma a uma até o descuido de uma das mãos que deixa cair sobre o piso num espatifar de susto num descuido de cacos o cada um dos cacos em que se transforma aquela tarde sombra dos dias todos passados pelos cada um daqueles que estavam ali.
Vermelho vermelho um presságio um augúrio de cacos. Estilhaçar estridente silvo. Cacos que fazem ímpar as dúzias de bolas maçãs casca de ovo espelho.
Vermelho turvo o que do passado veio. O que com aguda certeza do passado vinha. Cacos vermelho espelho espalhando-se por todas as tardes daquele dia.

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