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terça-feira, 14 de setembro de 2010

a fresta

Esqueça de cada fagulha agulha aguda picando sua lembrança. Esqueça qualquer sensação vivida instante a instante cada momento do vir a ser. Cada minuto cada movimento picado do relógio tique-taque marcando o que você vai ser. Esqueça dos gestos passados. Remotos momentos passados cada toque que pode lhe entrar por todos os sentidos. Esqueça até mesmo aquilo que não te foi perceptível, até a fagulha agulha aguda picando seu ser. Nada nesses próximos gestos deverá lembrar o de que você foi constituído. Esqueça a partir desse momento todo o passado e todo o futuro que você pretendia ser. Esqueça. Este é o lapso, o momento instante. Supremo fecundo abismo abstruso por onde descem as certezas e as dúvidas. Este é o instante, o supremo infinito que te arranca da roda que te arrasta pra vida que te remete ao limite fronteira inaudita o que estava lá fora o momento de agora que ninguém pode ver. Esqueça. 
(Extraído do livro Uns tantos outros.)

2 comentários:

  1. Deve ser muito boa e reveladora a sensação de conseguir esquecer desse jeito.

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  2. O momento instante... Viajei, no Aurélio, com as múltiplas acepções de 'momento', 'instante', 'instar'...

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