Eu fico pensando no
que poderia ser ainda este texto que acho que está para vir e que está
inaudível invisível indizível. Este texto silêncio que não se descortina
desenlaça nunca. Que está atado ao nó da língua que não vem fala não vem
palavra não vem letra teclada na ponta do dedo.
Eu fico pensando no
que dizir do verbo do dizível zer. Eu fico pensando que ele não poderia ter eu
que ele deveria ter outro dizer que não o do verbo conjugado. E que não pode
falar disso dito à tona do falado.
É uma história sem
pessoa ou com inúmeras pessoas. É um as torres com todos os que passam
entrelaçando-se num caldo de imanosfera. É um texto em montanha sem vale ou em
multidão sem indivíduos.
Eu teria de
deixar-me de lado inteira. Teria de esquecer que escrevo. Teria que abandonar o
barco, definitivamente deste lado e atravessar-me até comungar da corrente o
fluxo que não me espera.
Eu fico pensando e
pensando e pensando e nunca que vem esse pulsar de outra esfera imanosfera que
burbure borbulha sem formar bolhas mas agitando-se lá. Quem é que sou para
conseguir de lá contar?
Esse texto nulo,
núncio, não enunciável, não imantado ainda no meu discurso. Esse texto da
nenhuma palavra da cláusula falha da ausência de discurso. Este texto re-nuncio
do escrever de punho de dedos de testa de língua de forma que sempre colige um
caldo. Um texto caos que diga e ao mesmo tempo prescinda da verve viciada do
mesmo curso.
Um texto que
começaria do outro lado da página que diria o avesso das frases o de cabeça
para baixo, o dês-sintagma.
Ex-sentido.
Que texto seria este? O do silêncio do nenhuma palavra dita o texto que estaria
nos entretextos do que aqui já estaria inscrito.
(extraído do livro um mundo outro mundo.)
O texto nonada.
ResponderExcluir!!gostei disso!!
ExcluirIveSampa
Entendo. Acho que este seu sentimento é semelhante ao que levou Joyce a criar Finnegans Wake (Finnicius Revém) e moveu Rimbaud para o deserto da África.
ResponderExcluirbj*!*bj
IveSampa