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sexta-feira, 17 de julho de 2015

ouvir das veias



O que teria sido eu se não como a sussurrar palavra pequenina desde sempre dia fundo da voz rumor murmúrio gutúrio que se imiscui não nas cavículas do ouvido mas nos capilares nos vasos nas veias. Vozes que se incrustam que se mascam que se murmuram não murmuram só sussurram quase que só suspiram num agito de entreveias. O que teria sido ido se não de par com as vozes jorros a borbotar pelos vãos. Túneis por onde passam os líquidos fluxo que derrama e vaza por um circuito preenchido ao infinito por tanto líquido matéria mole matéria que se amputada sua trilha pingará no piso gotejará sem fim até refazer suas paredes e reencontrar seu ciclo circular circulação.
Como poderia eu se não com o ouvido com outra parte daqui desse que digo deixar de ouvir todo esse gotejar percorrer sem fim essa trajetória curva intercontato interconvulatio interconcomitante. Como deixar de vir se não sempre a ouvir todo esse subcutâneo trâmite?

(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)

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