Este é
o fim do livro. Este é o fim de tudo. Finda estrada. Findo caminho. Findo
horizonte. Depois disso não tem mais nada. Não teve mais nada. Não tem mais em
que acreditar portanto. Não tem nada em que se apoiar portanto. Não tem pra
onde seguir não tem onde mais queira chegar. Este é o fim de toda a luz apesar
de ainda haver luz. Este é o fim de toda a coragem. Apesar de que para viver
isso seria bom que houvesse alguma coisa que pudesse ter esse nome coragem. Esse
é o fim daquilo que dizem haver. Esse é o fim de todo nome. Esse é o fim do que
julgam ser adequado como sendo o que seja lá o que possa ser. Nas mãos de
ninguém mais. No cérebro de ninguém mesmo. Nada que se possa falar. Nada que se
possa dizer. Nada que nem mesmo por isso se possa calar. Esse é o fim do livro.
Esse é o fim desde o começo. Esse é o topo onde só quem chega é que sabe que
chega. O alto da torre. O abismo sem fim. O suspiro final pautado no fim que
havia de ser o primeiro. Este é o fim. Este é o lugar nem um pouco solene. Onde
ninguém quer chegar. Onde não há coragem que chegue. Onde só de se chegar já
deixa de ser lugar. Já deixa de ser o que for. Este é o fim da linha. O ponto
final. O verso da folha. O fim da tinta da caneta da mão que já nem sabe por
que ainda se agita.
(extraído do 'livro' "um a um - os poros da paisagem pólen".)
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