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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

um em cheio



Trepidação da atmosfera. Caldo do passado entornado no futuro. O prisma desconcertado que se aqui orienta o pensamento ali desgoverna o sentir. Veia do modo ocupado. O que faz sentido e o que é objetivo. A natureza o cálculo o porvir a dor e o pé que anda no asfalto na lama e por aí.
Lampião aceso. Querosene até o meio. Da madeira escura por onde veio saem os frisos do frio e do úmido que fica primeiro. Da pá e da enxada recostadas na parede ninguém faz caso nesse momento. Ali aliás não tem ninguém para testemunhar esse experimento. Só um sentir que toma toda a sala a bacia da cozinha a madeira de tábua corrida que dá no pequeno corredor. Ali de uma janela de uma mesa e mesmo do encontro entre a parede e o teto exalam os vapores daquele sismo que ficou dito desde o começo.
Mas não é que não tinha ninguém tinha um eu ali. Mesmo que isso não conte é o que limita entre o que se vislumbra e o que se põe aqui. Isso era o de menos. Menos do que um mim. Menos do que um supremo. Era um pouco ocupado corpo estar sentado ou em pé preparando a sopa cortando os legumes esquentando a água.
Nada de sangue na pia. Só vegetais era o que hoje se fazia. E mesmo que só o lampião aceso a enxada e a pá ali num de lado recostadas. Mesmo que de madeira e frisos frios e umidade mesmo que de bacia mesmo que tudo isso o de que não se fala de modo nenhum porque não se tem língua é o de que fazia tudo isso estar inscrito lentamente neste texto que se imprime na retina na tela no em cheio do cerne de alguém que por ele se arrisca.
A madeira que não era do piso. A fresta que não era parede. A janela que não estava fechada e tudo o que fica pelo meio. Era assim um modo em abismo de dizer tudo de dizer tanto que ninguém ninguém nessa vida pode entender o que afinal se passava por ali naquele lugar estreito naquele casebre sem jeito naquele escuro cantinho que se tem escuro não tem ângulo nenhum só tem curva vazia e sem recheio.

(extraído do 'livro' "afeto confesso")

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