O que já estava morto desde o início?
Fadado ao não? Nada? Na vida nada existe traçado. A vida não existe sem se ver
modificando. O que não se vê para além desse não? Quando se está de viseira.
Quando se usa um monóculo. Quando se vê somente o que acontece diante daquela
fresta.
Quarto escuro. Cama perfume. E uma
mão. Que passa pelo cabelo. E a respiração. Hálito quente. Quem poderia ser que
respira aqui ao lado? Uma presença. Em que dimensão se amontoam os corpos nos
cômodos pegados? Cama berço criado-mudo tapete cortina janela que dá para a
casa ao lado. Toda a luz se avizinha de manhãzinha e sempre já era tarde.
Respirava esse alguém toda a noite inteira aqui bem perto ao lado. Mas ninguém
nunca esteve aqui. Só o que esteve foi o hábito.
O que fazer quando o que se pode ver é
apenas um pequeno pedaço? Uma franja e o mundo fica todo inteiro inteiro do
outro lado.
(extraído do 'livro' "um a um - os poros da paisagem pólen")
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