Tudo era ponte. Pedra. Era azul de moeda. Era cara e coroa
era o gargalo da ampulheta era névoa era a solidão era do céu era a neblina dos
campos o vapor da vela era o azul era tudo era o que estava por trás disso tudo
e eu não via. Amanhecer mais um dia. Outra semana cortada na parede da cela ou
da caverna ou do tronco da palmeira naquela ilha. Nem baú nem Trafalgar Square
nem relógio de algarismos romanos sobre a torre da estação nem painel de
controle da aeronave. Nem o pulso mais batia. As incontáveis horas naquela
cabeceira. As inúmeras páginas lidas para ele ao longo de todos aqueles dias.
Selva de febre e de agonia. Horas de lâmpada e muitas muitas paisagens vistas
por trás da escotilha. Céu de relâmpagos. Carpintaria. Nuvens suspensas por
sobre a tenda do final da tarde daquele dia.
(extraído do 'livro' "afeto confesso")
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