Escrevo
o texto esquivo a modo de conjurar o abismo a vertigem a voragem. Escrevo para
o que vem sempre vem está vem vulto da aparição. Escrevo para o que fulgura, o
que não houve para o que não é e efetivamente não quer ser.
E ainda
que isso tudo pareça um prévio pesadelo. Não revogo as frases. Não revirgulo o sintagma.
Mesmo que esprema o claro texto, o que se mostra estará sempre concluído pelo
meio.
Escrevo
para os que passam para os que se passaram. Para o que nunca estará morto.
Escrevo para o nenhum para o que não se aloja no futuro ou no passado para o
que não chega a se consumar.
Meu
momento é o lugar algum é o ninguém suposto ou posto é o nenhum rosto. Meu
lugar é o que se inaugura no instante de cada instante.
(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)
Disse lá e digo aqui: este é o texto em ato.
ResponderExcluirOi, Mara!
ResponderExcluirNão sei por que, esse seu texto me lembrou um poema do Leminski:
"Dura o diamante/ dentro da pedra pura./ de agora em diante,/ só o durante dura."
Bj.
Su