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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

aos que passam

Escrevo o texto esquivo a modo de conjurar o abismo a vertigem a voragem. Escrevo para o que vem sempre vem está vem vulto da aparição. Escrevo para o que fulgura, o que não houve para o que não é e efetivamente não quer ser.
E ainda que isso tudo pareça um prévio pesadelo. Não revogo as frases. Não revirgulo o sintagma. Mesmo que esprema o claro texto, o que se mostra estará sempre concluído pelo meio.
Escrevo para os que passam para os que se passaram. Para o que nunca estará morto. Escrevo para o nenhum para o que não se aloja no futuro ou no passado para o que não chega a se consumar.
Meu momento é o lugar algum é o ninguém suposto ou posto é o nenhum rosto. Meu lugar é o que se inaugura no instante de cada instante. 

(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)

2 comentários:

  1. Disse lá e digo aqui: este é o texto em ato.

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  2. Oi, Mara!
    Não sei por que, esse seu texto me lembrou um poema do Leminski:
    "Dura o diamante/ dentro da pedra pura./ de agora em diante,/ só o durante dura."
    Bj.
    Su

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