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sábado, 7 de agosto de 2010

H

Ele vivia em Nova York, ou coisa assim. Ou coisa assim? Em Hong-kong em Pequim ou Tóquio em Baden-Baden Estocolmo em Dubain. Ele vivia ao meio dia de sua janela e o que vivia via por través dela o que se consumia diante dos seus olhos as folhas de zinco átomos de silício pétalas de fuligem pregas de vigas erguidas desde o horizonte até suas pestanas que ora ardiam.

Ele tomava um café com seus punhos brancos e seu nó atado e seus cabelos engomados e seu esguio ereto a sua estatura perfeita.

Por trás dele se faziam miríades de coisas de que não se vale a pena falar. Faziam-no miríades de coisas de que não presta falar. Só o que neste instante tem sentido é vê-lo ver o quanto aquilo que lhe ia pelas costas e até ali o mantivera erguido nesse dia se lhe afigurou o conjunto daquele triste horizonte que agora lhe atravessava a íris e todas as suas camadas e lhe trazia o que lhe começava a desmoronar.

Foi pro fone:

– Não volto mais.

A secretária demorou uma semana inteira para entender o sentido daquele aviso.

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