Powered By Blogger

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

escrever

— Não. Porque não é assim que se começa.

— Mas você disse uma palavra.

— Às vezes mais de uma. Às vezes uma frase inteira. Como um sopro. Tom de sono. Mas não é disso que se trata.

— Então é como?

— E eu é que vou saber? Não há saber. Se eu o faço ou se eu faço do modo que consideram como louvável.

— O fato é que ninguém lê.

— Ninguém lê.

— Todo o mundo escreve.

— Todo o mundo.

— E que razão então há para continuar a fazê-lo?

— Nenhuma. É que escrever não está preso a nenhuma razão.

— Não?

— Como eu disse: escrever não se trata de escrito.

— Então de quê?

— Escrever se trata do inaudito.
(extraído do livro uns tantos outros.)

Um comentário: