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terça-feira, 3 de abril de 2012

no osso da vertigem















não quero estar sentada em
quadro luminoso de olhos
enquadrando os meus próximos arfares
não quero noites tépidas e amenas
tingindo meus estalos em harmonia
quero à luz da lua líquido acre
escorregar por entre escarpas de montanhas
deslizar caindo sempre
subindo lá no alto
olhando para cima
olhando para baixo
a distância conseguida
quero em cada rabo em cada vidro
estilhaçar meus nervos em vãos
e nos espaços que sobrarem de vazios
saltar abrindo as pernas e as tintas


esfregar a minha palma
até rasgar as digitais que me definem
divulgar exalar introverter
o néctar ácido da fugacidade


a angústia a angústia a angústia
mil vezes a angústia ao tédio
farto fácil do acabado


explodir em línguas labaredas
lambendo línguas lambendo nexos
plurificando o orgasmo táctil
a chama viva de um outro estar


esgarçar a distância e a proximidade
a negacidade negralumínia
a petricidade dos movimentos
espaço-ritmos destroçados


e quando longe minha pálpebra roçar
quero mesmo que longe esteja
até a distância não poder podendo
até não ver mais nada tudo sendo
porque havi roçado todas as escalas
todas as metáforas e as linhas
havi roçado tudo em tempo
tudo espaço tudo cilindro
tudo triângulo e trapézio
e pude em tudo ser o nada
o nada havido em tudo
havido em nada
havido tanto havido mesmo
e do alto da montanha
havido galgado milímetros
centígrados decímetros
e de baixo


então quando no alto lá do alto
olhar para cima
olhar para baixo
olhar para mim
olhar para mim
olhar para mim
e não estando
sendo nada
aí sentir a vertigem
que já não sinto
não sou mais mim
.....................................................
dispersa proliferada
cada
frag

4 comentários:

  1. Mais uma vez você nos prende em teus versos!
    Beijo! Barbara

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  2. gostei especialmente da última estrofe.
    bj telegráfico
    su

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  3. Ficou lindo, Mara.
    Seco e eloquente.
    Sequeloquente...
    bjs
    Cássio

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  4. respostas aéreas

    formigas elétricas,
    pernas tortas,
    pernas plenas,
    olhares bonitos,
    fotos iguais,
    pés descalços,
    beijos úmidos,
    triângulos equiláteros,
    sangues quentes,
    almofadas redondas,
    charutos cubanos,
    vinhos gelados,
    cabelos revoltos,
    frios africanos,
    sutians abertos,
    fartas criaturas,
    mãos suaves,
    mãos ásperas,
    toques leves,
    letras cursivas,
    rios transbordantes,
    bordados caseiros,
    lençóis azuis,
    peixes secos,
    anzóis vazios,
    bocas abertas,
    pianos noturnos,
    gatos vermelhos,
    vielas vazias,
    mares amarelos,
    vazios plenos,
    espaços curvos,
    mãos repentinas,
    navios voadores,
    águas correntes,
    chuvas doces,
    leões vivos,
    unhas roxas,
    vozes roucas,
    ombros audazes,
    jogos mentais,
    angústias antigas,
    passos longos,
    cavernas claras,
    luas triplas,
    conversas vesgas,
    raios elétricos,
    mãos tortas,
    dedos iguais,
    frases ocultas,
    frases abertas.

    (mara, o texto é seu. seu texto no osso da vertigem [belíssimo] é o responsável por ele. beijo. cesar)

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