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quarta-feira, 11 de abril de 2012

o que veio

       Por dentro do corredor. De concreto veia de cimento no escuro, sem ar, para o fundo bem no final ponto de não-retorno. Depois de lá, sei lá como, entrar entrar, sem sair entrar no espaço interno lado a lado com a concha do infinito. Aflito no escuro desço entro entro entro vou entrando pra dentro até dar num corredor de tijolos brancos pintados igual paredes dentre as quais cresci. Saí à luz afinal do vidro da janela para o céu azul do infinito. Sem respirar resfolegar de pijama úmido no escuro. Cabelos grudados na face. Olhos úmidos, no escuro azul da cortina opaca translúcida do quarto. Entrar para dentro visitar a vida dos outros. Experimentar o outro. A outridade algures. Olhos são escotilhas no alto dos ombros. Vejo abrir-se em hélice a fenda acima de minha cabeça e dou então com a calçada. Então é isso? Ratazana de esgoto é o que sou? É desse fundo que venho? Abismo fundo é vir habitando o esgoto. O ato em fuga de viver fugindo escorrendo por entre os canos do esgoto. Ratosser. Sendo subindo à calçada agora pata ante pata passo ao pé sombra humana. E piso o asfalto. Passo a passo rumo o destino cruel punhal destino desponto o fio a fio que escorre sim das pelas dentro de todas as veias.
(extraído do livro uns tantos outros.)

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