Ainda estaria vivo
se não estivesse noutro quase porto onde não estou em que não fui e de como de
onde em onde vou e para onde estive a dizer pouco do que seria mim.
Ainda estaria morto
se não estivesse diante daquilo que de modo algum posso dizer que vi ou li.
Posso dizer que senti. O bordejar da borda. O abordar da porta. O outro lado o
lado oposto o ante pé antes do pé o que não se pode viver o que não sequer se
aborta.
Aquilo de que não fui. Aquele de que não vi. A
imagem a fronteira o outro lado da mesma beira – o que não é beira desde quando
se saiba acertar a flecha ponta certeira.
O que no meio entre
os espaços entre os dois lados o confabular do que não é nem fui. Do que não
onde nem quando. Do que não dia não tarde não noite nem madrugada ou aurora nem
crepúsculo nem primavera. Do que nuvem borda do dia a bordoar bordoar bordoar
as paredes camadas as superfícies que nem diagonais nem retas. Nem pontos nem
infinitas setas. Nem longa nem curta nem apontada para outro lugar que não seja
nenhum e que no entanto um um um om do um – trêmula língua faringe garganta de
tímpano a que se dá a que se toma a nenhuma uma todas quase uma de uma em uma
instância.
É o que o um com
menos? Para dizer eu é necessário desertar de todos e isso ninguém é ou tem
coragem de dizer que não é.
(extraído do livro um mundo outro mundo.)
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