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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

próxima parada


Abertura. Ponto convexo. Comissura. Universo. Não passava nenhum carro e eu ainda esperava. Estava um silêncio por todos os lados e aquilo não me parecia estranho. Eu não ouvir. Mesmo o vento que farfalhava as folhas das árvores não me fazia ver que não ouvia, de fato sequer sentia o que estava ali.
Não passava nenhum carro e no céu se armava a tempestade. O vento arremessava já as folhas por todos os lados. Dobrava os galhos até as árvores. O grão que se instalou no meu olho só me deu a perceber que aquilo era um movimentar violento. Mas não de uma espécie de silêncio que eu deveria estar ouvindo. O grão só me deu o olho e o vento e o porvir tempestade naquele esperar espraiado na beira do asfalto nas proximidades de uma proximidade.
Azul e cinza a estrada e areia pedras nas margens. Era campo e vasto e vazio. Isso eu podia sentir sem sequer ouvir ou ver ou ter o senso do que aquilo era a acontecer.
A tarde. Descampado e vago o outro lado. Vago. Eu daqui compleição de passado e presente e onde estarei no futuro ou poderei estar sem sequer um automóvel. Um mundo interpunha-se em mim. O mundo era um repleto que se erguia e é claro e estúpido o quanto desse mundo não me cabia o vazio de não ouvir ou ver ou sentir.
Eu estava lá em pé esperava lá em pé e nem o asfalto passava. Tudo um quieto ao lado e à frente e lá bem longe adiante. Horizonte para trás horizonte para frente horizonte para os lados horizonte e o mundo atopetado desse persistir sem passar um sequer carro. E eu ali. Tudo corria ou ventava e a tempestade que sobrevinha isso me atestava. Tudo era repleto de vento silvando de raios trovões relâmpagos e nuvens pesadas e vento movimentando o céu e o pó que já agora voava por todos os lados da estrada. E eu ali sem ver o vazio o silêncio o sem sentido.
Tudo era aquilo e eu não podia ver, mesmo ouvir, em vão. Tudo preenchido pelos próximos momentos os que se passaram e passam os que se passarão. Somente uma e mesma coisa existia naquela tarde da tempestade vindo e do nenhum carro. Somente uma e mesma concha que ali fazia uma pequena ínfima parte viver.
Era num mundo em que não ouvia e não mesmo sentia nada do que ao meu lado acontecia. Era o mundo parede externa que como concha me afigurava o lugar. Que mundo era esse eu ainda não perguntava porque olhava e não nada percebia no tanto que eu via ouvia e sentia em volta. Este é com certeza um outro lugar diferente daquele onde até então eu tinha estado. É um outro lugar silêncio de imagens que não me dão a vista de nada além daquilo que não podia ver.
Mas já agora não posso ter certeza de que se tratava de um outro lugar, o mesmo de quando antes. Era tanto não ouvido ou percebido antes o que eu não via ou percebia agora ou daquele momento em diante.
De onde eu falo. Falo do que é surdo em mim. Falo do que não vê em mim. Falo do que constata neste momento que é preciso dizer o quanto o que estou nesse lugar é o que não posso determinar para o que seja para além de mim ou em mim ou mesmo mim.
Falo do surdo oculto insenso como quem ainda não prescinde do movimento e do momento.
(extraído do livro um mundo outro mundo.)

Um comentário:

  1. NADA É TUDO.

    É O QUANTO ESTAMOS NO MUNDO - NADA.

    GOSTO COMO V. MOSTRA AS ¨VERDADES¨.

    VERA

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