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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

para qualquer vento destruir


o esquadro e a régua deslizam pela folha
a ponta seca do compasso não se fixa
tudo escorrega e teima em produzir um guizo esgueiro
o papel plano sob os olhos
mantém-se em ondas branco
o risco do grafite não pega
a esfera oleada da caneta emperra
 
depois de muito lutar
vejo que não há como insistir
em usar esses instrumentos
eu poderia escolher a incisão profunda
mas o recorte faria vazado o que concebi silhueta

resta-me usar os dedos para imprimir
mas a mancha desferida
escorre pelas beiras

num acesso - não de raiva mas de angústia -
desisto do traçado e rasgo tudo

uma estranha habilidade nasce nesse gesto
armo em dobras o que concebi traço

o relevo deixado sobre a mesa
projeta na parede
a superfície planejada

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