A maior
parte de mim é espírito. A maior parte de mim é erro. A maior parte de mim não
sou. A maior parte de mim não veio.
Uma
partícula minúscula que sobrevive e acorda todos os dias como eixo. Uma parte
pequena mesmo minúscula que toma conta de tudo e que me leva ao outro lado esse
outro lado em que nada nada nada tem de fato corpo estático mas é somente via.
A maior
parte de mim não veio a maior parte de mim não sou. A maior parte de mim é erro
a maior parte de mim não houve.
Quem
quer que tenha passado por aqui tomou café há pouco. A caneca com o fundo
escuro do líquido ainda quente não esconde. A cama deixada desfeita. Os sapatos
do dia com barro. As marcas dos dedos na poeira deixada sobre os cantos. As
pequenas lascas de vegetais trazidas pelos calçados ainda dispersas pelo
assoalho. O tapete guarda os fiapos da manta usada à noite. Na mesa de centro o
livro aberto e o marcador largado. A janela ilumina a poltrona em que a
almofada marcada denuncia que alguém ali há bem pouco tempo esteve. As fibras
de cada objeto ainda retêm o calor do braço da mão do alguém que aqui.
A maior
parte de mim que aqui veio veio como onda que os olhos as mãos o corpo
derramam.
Foi o tema da terapia de hoje... :) Desata-me!
ResponderExcluirAinda pendente a próxima aula. Vamos?
Sou eu!
ResponderExcluirGostei especificamente do 4° paragrafo. É uma cena com cheiro.Bj, Rosiane
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