O que
não se explica pelo meio, nem se atesta. Uma busca infinita e sem reserva. O
que não veio não poderia ter vindo porque nem mesmo se tivesse vindo estaria
perceptível. O que digo? É preciso contar.
Então,
um do que conto é vem dois e meio assim um traço de jardim. O cheiro. Porque
entre as plantas confusas daquele não se pode esconder que há memória do
passado há memória nas camadas de sei lá que instância do corpo o que fica na
alma o que não se conclui. Os cheiros ficam todos em devir. O cheiro nunca é a
coisa que o exala. O cheiro é o que nos impregna a alma pelas narinas que
inspiram compelidas sei lá pelo quê. E esse travo de inapreensível me revoga a
escrita do que conto, me inscreve no negrume do que é que jamais direi. Ou
saberei ou serei ou conjurarei ou evocarei seria bom se não fosse assim, só que
assim não é.
E estou
aqui escrita inscrita cavando em caracteres essa onda infinda que não se conclui
que não se distrai que não se desenlaça daqui dessas entranhas inequívocas que
se me configuram para esse momento.
Então
vou contar; é o que tento. Mas é cara a vida essa fagulha de vento que vem e
bordoa a membrana que vibra e vibra de dentro também. É cara e havida e
vigorosa nos veios nos sulcos nos poros canaletas por onde se encontram os
destinos.
E
preciso intercalar, que vim. Vértice ou não. Teria eu apreendido a flor daquele
jardim, se a tivesse visto. Mas o que me impregnava a alma era o aroma que me
impeliu a uma que fui e vivi num passado já muito distante. E nem sei se
passado, já que o cheiro que me atingiu em cheio não se concretizou só me
enlevou e levou para o meio. O que vim foi o que vi que o que não, se explica
pelo meio. E veio.
Mas vou
contar, agora — é preciso um pouco de calma comigo também. Essa é a forma de
vir aqui e me interpor. Porque pousa em minha cada ponta de dedo essa força que
engendra e as coisas todas ficam assim pelo meio. E eu digo que mais uma veia
dessa vez se fez sentir.
Do
passado acho que era o cheiro ou do porvir. Do porvir seria mais certeiro
porque se imiscuiu de tal forma em novidade em gravidez que se inaugurou toda
uma curva que me fez sentir inteiro o jardim, a planta, a seiva, árvore da
encosta, o que vibra por todas as fibras vegetais e faz verde o que sentimos
quente e que chamamos sangue. Comunicar essa sensação é habitar onipresença,
omnisciência, omnipotência.
Omnipaciência,
pois essa que é a história que eu intento. O do que vem do chão do caule do
tronco do resfolegar das folhas mexidas pelo vento. Esse arvorecer verdejar
seivar que cava no instante o que sempre está mais adiante nunca estando,
sempre agulhar do vir do vem do vindo do invento.
(extraído do livro uns tantos outros.)
Escrito contado. É um conto. Lindo
ResponderExcluirBj, Rosiane
AÍ ESTÁ A MARAVILHA DO PERCEBER!
ResponderExcluirÉ UM ALERTA A QUANTO NOS PASSA DESPERCEBIDO E QUANTO TEMOS A PERDER.O DESENVOLVER DOS SENTIDOS, A IMPORTÂNCIA DO CORPO E DA ESPREITA. PRESTAR ATENÇÃO!!!
BEIJOS VERA.