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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

d dia



             Como começar da avenida. Pé. Água parada. Quebra guia perto do bueiro. E havia uma chave ali prestes a cair da minha mão. Como começar do bueiro. Com a chave na mão. Pé parado. Água não. Como começar uma palavra. Havia dias mas naquele que foi fatal era preciso montar o que ainda havia. O começo do que a vida inteira nele. Um pra trás um pra frente mas aquele foi cavado num instante perene. Que está aqui que de mim nunca mais se desprendeu. E o que foi esse dia. Recuperá-lo chave na mão. Mas com que porta que ele se abria com que casa por trás ou nenhuma. Somente a chave ao vento no ar que passava por ali. Um dia que foi um pra sempre o presente inteiro do passado inacabado que estava pra vir. Aquele dia em que nunca mais fui outra.
              Agora que se diga o que é possível o que se fez naquela hora. Chave na mão. Pé no bueiro. Água movida escorrendo ladeira abaixo acima. E nenhum presságio nenhum botão nada que se faça cala naquilo o que veio por vir ladeira aqui. Rio que corre montanha que desaba escavação. Cismo que se armou depois do dia em que nunca mais fui eu em que nunca mais pude ser outra.

(extraído do 'livro' "afeto confesso".)

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