Tudo o
que pegava se quedava nada. Um desconcerto. Rugas na testa, requebro de cabeça.
Tudo o em que mexia não era, vingava ou existia. Tudo era um desacerto.
Inarredável recomeço. O que sempre ia errado o que sempre não era. Tudo o que
entabulava não se convertia certo. Ralo do lugar nenhum, sulco para onde corria
tudo tudo o que imaginava se convertia um nada. Massa fumaça vapor.
Pó,
faculdade nula, mãos que não capturam. O mundo lhe passava pelas costas e por
mais que se virasse estava sempre de costas. O pó de pólvora por sobre os poros
da pele apelo de chama. E o pensamento a abrigar a pouca voltagem, imagem turva,
sempre voltada ao avesso.
Cérebro
nas mãos. A consciência do infinito prego enfiado entre os miolos. Furo nos
gomos. Aquela interrupção do metal enferrujado impedindo conexões. Cérebro
enfiado nas palmas atentas nas pálpebras alertas angariando o sentido. Cérebro
difuso no parafuso liso acidamente enfiado por entre as por entre as
sobreposições da carne. Nem mente nem margem nem mergulho nem imagem. Cérebro
atravessado pela ponta furo feita pelo enfiar do cilindro agudo prego buraco
aberto e uma interrupção. Farpa da dor da consciência que convém e que arma as
malhas de linhas que se mesclam no que só vara por um parco curto sentido.
Cérebro que não alcança. Implacável seta que não atinge; amontoado de gomos que
trocam as tintas de todas as coisas no parco sentir.
Passo
de cobrinha, rastejar na gosma da dor infinda, gotejar de visgo que fere as
horas. E do eco da lata por onde ribombam os gongos a reverberar pelas camadas
do cérebro passa a ser somente pelos olhos. Escapa da dor pelo lento olhar.
Súbito momento
aturdido relaxa os músculos da vista e apalpa com os olhos na sombra úmida as
ondas que suas pupilas têm de enfrentar à força de o fazer ver.
E o que
é que flagra de suas crateras preenchidas? As imagens que se formam e dizem só
o que ele pode ouvir. O que ele pode ver. O que ele pode então concluir: que
concluir é um caminho de cabras-cegas. Um caminho percorrido a prego enfiado na
cabeça. O que apreende é que só se enxerga quando se cria. O que pelos
corredores deixamos escapar; singularíssima obra que nos amplia e abarca; o que
se desdobra mesmo que vindo do labirinto equívoco que somos, curva única por
onde assoviam os ventos.
(extraído de uns tantos outros.)
Bom dia, Mara!
ResponderExcluirGosto muito desse texto.
Bj com saudade.
Su