Powered By Blogger

terça-feira, 24 de julho de 2012

aqui da quina


Tudo o que pegava se quedava nada. Um desconcerto. Rugas na testa, requebro de cabeça. Tudo o em que mexia não era, vingava ou existia. Tudo era um desacerto. Inarredável recomeço. O que sempre ia errado o que sempre não era. Tudo o que entabulava não se convertia certo. Ralo do lugar nenhum, sulco para onde corria tudo tudo o que imaginava se convertia um nada. Massa fumaça vapor.
Pó, faculdade nula, mãos que não capturam. O mundo lhe passava pelas costas e por mais que se virasse estava sempre de costas. O pó de pólvora por sobre os poros da pele apelo de chama. E o pensamento a abrigar a pouca voltagem, imagem turva, sempre voltada ao avesso.
Cérebro nas mãos. A consciência do infinito prego enfiado entre os miolos. Furo nos gomos. Aquela interrupção do metal enferrujado impedindo conexões. Cérebro enfiado nas palmas atentas nas pálpebras alertas angariando o sentido. Cérebro difuso no parafuso liso acidamente enfiado por entre as por entre as sobreposições da carne. Nem mente nem margem nem mergulho nem imagem. Cérebro atravessado pela ponta furo feita pelo enfiar do cilindro agudo prego buraco aberto e uma interrupção. Farpa da dor da consciência que convém e que arma as malhas de linhas que se mesclam no que só vara por um parco curto sentido. Cérebro que não alcança. Implacável seta que não atinge; amontoado de gomos que trocam as tintas de todas as coisas no parco sentir.
Passo de cobrinha, rastejar na gosma da dor infinda, gotejar de visgo que fere as horas. E do eco da lata por onde ribombam os gongos a reverberar pelas camadas do cérebro passa a ser somente pelos olhos. Escapa da dor pelo lento olhar.
Súbito momento aturdido relaxa os músculos da vista e apalpa com os olhos na sombra úmida as ondas que suas pupilas têm de enfrentar à força de o fazer ver.
E o que é que flagra de suas crateras preenchidas? As imagens que se formam e dizem só o que ele pode ouvir. O que ele pode ver. O que ele pode então concluir: que concluir é um caminho de cabras-cegas. Um caminho percorrido a prego enfiado na cabeça. O que apreende é que só se enxerga quando se cria. O que pelos corredores deixamos escapar; singularíssima obra que nos amplia e abarca; o que se desdobra mesmo que vindo do labirinto equívoco que somos, curva única por onde assoviam os ventos.
(extraído de uns tantos outros.)

Um comentário: