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sexta-feira, 13 de julho de 2012

céu de Goeldi


Passeio pela calada. Escura entre postes de lâmpadas acesas e de luzes apagadas. A noite engole as estrelas.
Ainda há pouco, até a bem pouco mesmo, gastava a vida e os dedos anotando números entre estreitas linhas. Anotava dados tão precisos que qualquer descuido desembocaria em desastre. Dados que nada expelem de acaso. Dados contados.
Isso foi há pouco. Até a bem pouco tempo.
Agora erro na rua e na curva da noite. Mas já não trago mais nada de mim. Tudo ficou no papel e no rasgo do dedo. Tudo ficou recortado. Cada uma das coisas retidas naquele papel naquela página. Naquilo que fiz durante horas durante toda a tarde. Naquele recente passado.
Sento na mesa da calçada. Um copo. Depois outro. Os vultos vagam sua espessura. Sua espessura esboroada.
(extraído do livro onde houver vida a vida haverá de vingar.)

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