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segunda-feira, 16 de julho de 2012

nem onde nem quando nem quem


Ouvir todas as vozes. Desde o mundo. Desde cedo. Desde um vindo. Desde onde ainda não existe. Respirar todas as eras. Passar pelo que ainda não é caminho. Ver. Ar do ar arrancar do ser. Mão e tela. Vértebra osso onde tudo começa. Recusar não o ouvir o nome do ouvir ponto de inflexão: a pessoa do singular. Mais que a matéria, mais do que ver, passar.
Algo ou ém que reverbera. Área superfície vértebra. Osso de onde ouço vozes antes da carne dentro da carne da cadeia do alvoroço. Do alvorecer. Aurora caroço.
Quadro do que é que vê. Do quem é que vê. Do que é que diz. Do quem é que diz. E o cansaço bagaço o corpo lasso jogado na praia. O destroço. Barco em pedaços nem mais mastro nem mais âncora.
Quem estava ali? Quem estava ali na areia? Quem era que agora ali abria os olhos e via. Sem um alguém. Sem um destino. Vago avesso. Mãos pés pernas e passos carne da gema sol a pino.
Era braço ombro e tórax. Corpo erguido. Era pernas pés e plantas na areia. Era ver areia escaldar. Um semblante barco se dispersa.
Olhar no espelho até ver sair a tinta, sair o barro, sair a carne o traço o vinco. Olhou no espelho até ver sem olhos sem olho sem testa. Olhar e a palma da mão o avesso. O que se desdobra o que se desprende o que se expressa. O dentro do lado algum do sem espaço e do sem tempo.
Agora nada verter ou esperar ou pressentir nada sorver. Não mais atar do ar. Do antes, de dentro, pescoço goela cordas e sangue. Escadas da traquéia, degrau a degrau, desfazem-se o ventre e o canal. Gutúrio espargir o que de pouco em pouco entre. Vulto momento.
Espaço desfazido da cada partícula onda. Espaço agitado pelo vibrar sem cordas. Silêncio: Extremos são os dias vividos desde o modo aqui.
(extraído do livro um mundo outro mundo.)

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