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quinta-feira, 18 de abril de 2013

as torres (1 de 6)



Da estrada já era possível ver as torres. Naquele contraste de céu e areia amarela, vermelha, coral e azul, as torres verdes começavam a despontar imensas, ainda que a milômetros de distância.
Armações em seis, oito, quatorze, vinte e uma pontas de ferro esverdeado. Não se pareciam com nada que eu jamais tivesse visto ou haveria de ver em minha vida viva. Seria miserável compará-las a enormes e brutais eiffels porque elas eram armações que tinham cerne; não se constituíam como simples emaranhados de ferro. Não eram trespassáveis pelo vento ou pela areia, embora por elas, através delas, se pudessem ver as colinas, enormes, que jaziam ao fundo no horizonte, nos horizontes a toda a volta.
Isso tudo da estrada, ao chegar, dava para ver. E o chegar era um chegar nunca, pois aquela lonjura parecia cada vez mais invencível cada passo que se dava pela estrada. Eu sabia que para alcançar as armações era preciso sair da estrada, abandonar caminho. Era preciso aportar no nada, na areia líquida do deserto. Única fronteira onde não há mais cercas, onde não há mais muros, onde não há distância, porque o lugar é o chegar nele cada vez toda vez como se faz constante.
Meu dia era ali a saber que pelo menos as torres eu já conseguira avistar. E eu sabia que isso alguns já haviam conseguido também. Era aguardar, pois, o momento em que encontraria algum desses que habitam o já ver das torres da nenhuma distância. Naquele dia parece que chegara o dia em que eu veria qualquer daqueles uns que também viam.
Eu não viera a pé o tempo todo. Ganhara um tanto do caminho ainda precisando de trem. Depois de mais uns meses de lágrimas e de cavernas, de grutas por onde só escorrem grotas, finalmente alcançara a fenda porta por trás portal, hélice que se abre em núcleo, por onde aportam os que se dedicam ao fim de estar chegando. Essa fenda, não sei muito bem como, eu venci voando.
Após chegar a uma imensa garganta, vislumbrei um mundo de pessoas habitando. Nas escarpas de pedra havia uma escada, que eu recusei descer.
Mas vim, continuei vindo sem ver viv’alma, sem contemplar pessoa; tudo eram pedras, esmigalhar de dedos pelo cascalho e as fendas que se abrem fundas a engolir os passos atropelar a vinda.
Agora era ali a contemplar as torres. Agora era a pé o meu caminho a passo. Um que eu escolhera, foi o que me disse alguém que encontrei num antes de habitar o instante.
[continua]
(extraído do livro um mundo outro mundo.)

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