...Um que eu
escolhera, foi o que me disse alguém que encontrei num antes de habitar o
instante.
Para cá ele fora
incumbido de trazer todas algumas nem tantas as selecionadas crianças. Seu
método era preciso, ainda que ele se apresentasse de modo risível. Um tipo
absurdo dirigindo um veículo igualmente improvável, que desde muito longe
chacoalhava em um bater de latas.
A primeira vez que
o vi foi o que ouvi que me chamou a atenção. Para lá do que eu seguia vinha
estridente e engonço aquele som. Era algo como uma enorme bicicleta de não sei
quantas rodas. Uma na dianteira sobre a qual ele se sentava e outras tantas
lado a lado paralelas a lhe perseguir. Ele mesmo parecia não compreender o
mecanismo da engenhoca que pilotava. Entretanto conhecia o importante de
arrastar para dentro dela o olhar das crianças que com ela encontravam.
Armação de
espelhos, cacos coloridos que, em lugar de refletir aquele que para eles
olhava, capturavam seu olhar e o sequestrava para seu interior. Isso, ele me
explicou, era o que acontecia com apenas as crianças que eram para ver o que lá
dentro havia. Por esta via ele as deveria conduzir para as vinte e uma torres.
Quando lhe
perguntei por que então o que eu via dentro daqueles cacos era a minha vida em
momentos que eu não antes vivera, ele disse que não sabia nada o que fazer com
adultos que ainda guardavam esses olhos miríades de ver.
Um tanto de tempo
caminhamos lado a lado. Ele na sua bicicleta e eu no meu pequeno passo a passo.
Nenhum se perguntou como aquele acompanhar era-nos possível. Só ríamos do
caminho juntos; o meu, o circuito restrito; o dele, o chacoalhar e os raptos.
Ficamos assim
próximos até eu ver as torres. Foi então que ele me disse que dali eu teria de
vir só até um novo encontro. Antes de seguir foi que lhe perguntei por que eu a
pé e sem ninguém e ele me respondeu a resposta comum desse tipo de encontros.
[continua]
(extraído do livro um mundo outro mundo.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário