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quinta-feira, 18 de abril de 2013

as torres (2 de 6)



...Um que eu escolhera, foi o que me disse alguém que encontrei num antes de habitar o instante.
Para cá ele fora incumbido de trazer todas algumas nem tantas as selecionadas crianças. Seu método era preciso, ainda que ele se apresentasse de modo risível. Um tipo absurdo dirigindo um veículo igualmente improvável, que desde muito longe chacoalhava em um bater de latas.
A primeira vez que o vi foi o que ouvi que me chamou a atenção. Para lá do que eu seguia vinha estridente e engonço aquele som. Era algo como uma enorme bicicleta de não sei quantas rodas. Uma na dianteira sobre a qual ele se sentava e outras tantas lado a lado paralelas a lhe perseguir. Ele mesmo parecia não compreender o mecanismo da engenhoca que pilotava. Entretanto conhecia o importante de arrastar para dentro dela o olhar das crianças que com ela encontravam.
Armação de espelhos, cacos coloridos que, em lugar de refletir aquele que para eles olhava, capturavam seu olhar e o sequestrava para seu interior. Isso, ele me explicou, era o que acontecia com apenas as crianças que eram para ver o que lá dentro havia. Por esta via ele as deveria conduzir para as vinte e uma torres.
Quando lhe perguntei por que então o que eu via dentro daqueles cacos era a minha vida em momentos que eu não antes vivera, ele disse que não sabia nada o que fazer com adultos que ainda guardavam esses olhos miríades de ver.
Um tanto de tempo caminhamos lado a lado. Ele na sua bicicleta e eu no meu pequeno passo a passo. Nenhum se perguntou como aquele acompanhar era-nos possível. Só ríamos do caminho juntos; o meu, o circuito restrito; o dele, o chacoalhar e os raptos.
Ficamos assim próximos até eu ver as torres. Foi então que ele me disse que dali eu teria de vir só até um novo encontro. Antes de seguir foi que lhe perguntei por que eu a pé e sem ninguém e ele me respondeu a resposta comum desse tipo de encontros. 
[continua]
(extraído do livro um mundo outro mundo.)

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