Importa o que quer que seja que seja
eu que diga?
Começar. Intervalar.
Colocar dentes ou perfumes. Vestir as
roupas do avesso. Escalar o prédio pelas janelas. Andar pelo meio-fio a tarde
toda entrando pela noite a madrugada adentro saindo pela aurora estar pisando
ainda ali entre o asfalto e a calçada.
Importa afinal de contas o que quer
que seja que eu diga?
Rombos na roupa. Tijolos em muro.
Gastar todas as notas deitar só as moedas no balcão. Contar pelo vidro de trás
do carro os carros todos parados em fila. Andar com as costas erguidas. Ou
dobradas.
Importa a quem quer que seja o que
quer que seja o que se diga?
Alfinetes abertos. Casas vazias.
Poeira nos dedos e nos cantos dos olhos no cimo do nariz. Ouvir mãos que se
fecham. Derreter com as artérias. Ir pela praça a subir uma perna alternada à
outra em todos os bancos. Ver macacos. Olhar para cima. Sondar as capas de
chuva que foram esquecidas pelas quadras. Vestir as botas e depois as meias.
Encordoar os violinos os violões os pianos. Dedilhar unha a unha tecla a tecla.
Importa a quem quer que seja o que
quer que seja afinal de contas que se diga?
Um dois três outro espaço ou pedaço o
que quer que seja ou quem é que seja que vá coroar tinta a tinta uma outra
maneira de dizer seja lá o que quer que seja que afinal se diga que diga diga.
(extraído do livro "onde houver vida a vida haverá de vingar")
Nossa... amei, amei, amei...
ResponderExcluirVou pôr minhas botas, depois minhas meias e vou aí te dar um beijo! :)
:-)
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