venta ao norte
e alguns gravetos crepitam na montanha -
do galho de uma árvore
uma pantera
espreita suas presas
venta ao norte
e a última janela da mansão
estala ao calor da lareira -
de dentro do quarto
alguém vagarosamente
prende a respiração
venta ao norte
e no mês de abril
pequenos barcos de pesca
transitam solitários -
na cabine
um foco de luz balança
e desenha sombra-e-luz
nas paredes
venta ao norte
e alguém passa na rua -
o som dos passos
exprime a aguda angústia
aqui de dentro
venta ao norte
e alguém arma uma bomba
para pôr nalgum centro urbano
venta ao norte
e noites adentro batem na janela -
o vento do norte
ao bordoar as janelas
dá sentido às labaredas
venta ao norte
e alguém acabou de sair do banho -
o hálito quente e perfumado
escapa pela porta
venta ao norte
e alguém muda de canal
venta ao norte
e as antenas transmitem o jornal
das vinte horas -
um anúncio de comida de cão
os preços de uma lingerie
uma nova marca de sabão
mostram a uns o tamanho da solidão
outros – sós – nem se tocam
em meio aos gravetos da floresta
respiram aliviados
a vitória sobre a fera
Lindo!!
ResponderExcluir