Eu
estaria aquém de tanta força e do descalabro. Ver da natureza se romper o
manto. Ver todo o magma vazar por entre as plantas dos pés por entre as palmas
das mãos. Eu estaria aquém com toda a força e o descalabro. Cabelos eriçados olhos
em faca a gumes a arrancar dos vultos o tom do impacto. Eu inverteria as
correntes para segurá-las com as patas. Permaneceria agachado em postura de espreita.
Eu gritaria dos lobos a garganta em agulha. Eu verteria dos poros outra coisa
que não meu sangue que não meu suor que não um líquido humano. Eu estamparia no
rosto a labareda eu viveria os acordes mais terríveis eu cavaria no abismo toda
a matéria em vórtice da primeira tempestade. Eu voltaria em açoite língua de
chicote e vento eu arranharia eu arrastaria eu revestiria o azul medo de toda a
voltagem.
Eu
reverteria aqui mesmo toda essa imagem e desmembraria o pequeno desabar do
ponteiro até extrair do tempo o segredo e o lacre.
(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)
Animal assustado, o ser humano com visão cósmica. Maravilhoso texto de um ser humano cósmico. Medo de extrair o lacre do tempo, faça isso não, Mara!
ResponderExcluirIvSam