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quinta-feira, 9 de maio de 2013

vaga



Eu estaria aquém de tanta força e do descalabro. Ver da natureza se romper o manto. Ver todo o magma vazar por entre as plantas dos pés por entre as palmas das mãos. Eu estaria aquém com toda a força e o descalabro. Cabelos eriçados olhos em faca a gumes a arrancar dos vultos o tom do impacto. Eu inverteria as correntes para segurá-las com as patas. Permaneceria agachado em postura de espreita. Eu gritaria dos lobos a garganta em agulha. Eu verteria dos poros outra coisa que não meu sangue que não meu suor que não um líquido humano. Eu estamparia no rosto a labareda eu viveria os acordes mais terríveis eu cavaria no abismo toda a matéria em vórtice da primeira tempestade. Eu voltaria em açoite língua de chicote e vento eu arranharia eu arrastaria eu revestiria o azul medo de toda a voltagem.
Eu reverteria aqui mesmo toda essa imagem e desmembraria o pequeno desabar do ponteiro até extrair do tempo o segredo e o lacre.

(extraído do livro "um a um - os poros da paisagem pólen".)

Um comentário:

  1. Animal assustado, o ser humano com visão cósmica. Maravilhoso texto de um ser humano cósmico. Medo de extrair o lacre do tempo, faça isso não, Mara!
    IvSam

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